A iniciativa, coordenada pelo Grupo de Trabalho de Transições Energéticas do G20, visa atrair investimentos para superar barreiras de financiamento e fomentar a energia verde nos países emergentes
Durante a COP29 em Baku, a presidência brasileira do G20, em colaboração com a Agência Internacional de Energia (IEA), lançou o “Roteiro para Aumentar o Investimento em Energia Limpa em Países em Desenvolvimento”. A iniciativa, conduzida pelo Grupo de Trabalho de Transições Energéticas do G20, coordenado pelo Ministério de Minas e Energia (MME), apresenta uma estrutura prática e orientada para fomentar investimentos em energia verde, crucial para alcançar as metas climáticas globais.
O lançamento do roteiro reflete o compromisso do Brasil em liderar o debate sobre financiamento da transição energética, um tema prioritário na agenda da presidência brasileira do G20. “Sob a liderança do presidente Lula, o Brasil tem sido vocal na comunidade internacional sobre a necessidade de ampliar o acesso ao financiamento da transição energética global. Gargalos de financiamento podem comprometer de diferentes formas as ambições dos países, e isso precisa mudar”, afirmou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em seu discurso de abertura. Ele acrescentou que o roteiro surge em um “momento crucial” das negociações da COP29, com foco em mobilizar compromissos financeiros para energias limpas.
O evento de lançamento contou com a presença de líderes dos setores financeiro e energético, incluindo Dan Dorner, representante especial do diretor executivo da IEA; Makhtar Diop, diretor-geral da International Finance Corporation (IFC); e Dana Barsky, chefe global de Estratégia de Sustentabilidade e Net Zero do Standard Chartered. Essa representatividade internacional demonstra o apoio significativo ao roteiro e o reconhecimento da necessidade de um esforço coordenado para expandir o acesso à energia limpa nos países em desenvolvimento.
Estrutura para Atrair Investimentos e Superar Desafios
O roteiro destaca os desafios que os países em desenvolvimento enfrentam em relação aos investimentos em energia limpa. Segundo o estudo, o capital destinado a projetos sustentáveis nessas economias precisará crescer seis vezes até 2035 para que as metas climáticas globais sejam atendidas. Para isso, o roteiro propõe uma abordagem estruturada para mobilizar capital privado e financiamento internacional, oferecendo incentivos e um ambiente regulatório adequado para atrair investimentos.
Reconhecendo que o financiamento público, isoladamente, é insuficiente para suprir as necessidades de transição energética, o roteiro sugere recomendações para reduzir os custos de financiamento, criar mecanismos de compartilhamento de riscos e desenvolver políticas públicas que incentivem fluxos de capital robustos para projetos de energia limpa. O documento enfatiza a importância de parcerias público-privadas e políticas de incentivo como elementos-chave para estimular o investimento privado, especialmente em mercados emergentes.
O diretor executivo da IEA, Fatih Birol, elogiou a iniciativa brasileira, chamando-a de “um marco histórico” para o G20. “Aplaudo o Brasil por dedicar esforços para a aceleração dos investimentos em energia limpa nas economias em desenvolvimento. Esta é uma questão crucial, e a IEA está satisfeita por ter apoiado a presidência brasileira neste relatório. Mas precisamos de uma resposta mais focada, com maior apoio da comunidade internacional, para ajudar a eliminar barreiras ao investimento, reduzir o custo do capital e levar todas as economias ao caminho da energia limpa”, declarou Birol.
Compromisso do Brasil com a Energia Renovável
O Brasil apresenta uma matriz energética predominantemente limpa, com quase 90% da eletricidade proveniente de fontes renováveis, o que faz do país um modelo de referência no roteiro. Este cenário reforça o papel do Brasil como líder na transição para uma economia de baixo carbono, evidenciando a viabilidade de uma matriz elétrica sustentável em grandes economias. “O Brasil está comprometido em ajudar a desbloquear os investimentos necessários para o crescimento da energia limpa nas economias em desenvolvimento, e este roteiro é um passo à frente nesse esforço”, declarou Mariana Espécie, assessora especial do Ministro de Minas e Energia e co-presidente do Grupo de Trabalho de Transições Energéticas do G20.
O documento também reforça o papel do Brasil na promoção de estruturas financeiras estáveis e de parcerias estratégicas, que são essenciais para criar um ecossistema energético resiliente e alinhado com as demandas climáticas. Ao mobilizar recursos e articular políticas de incentivo, o Brasil busca inspirar e incentivar outras economias emergentes a avançarem em suas jornadas para a transição energética.
Um Passo Importante na Luta contra a Mudança Climática
O “Roteiro para Aumentar o Investimento em Energia Limpa em Países em Desenvolvimento” é um esforço proativo da presidência brasileira do G20, que sinaliza o compromisso do Brasil em liderar debates globais sobre soluções de financiamento para a transição energética. Em um cenário de crescente demanda por energia e pressão para reduzir emissões, a ação coordenada proposta pelo roteiro pode contribuir de forma significativa para viabilizar os objetivos de descarbonização nas próximas décadas.
A iniciativa da presidência brasileira do G20 destaca a importância da colaboração internacional para enfrentar a crise climática e a necessidade de uma mobilização financeira sem precedentes para garantir o sucesso da transição energética. Com o apoio de organizações como a IEA e de líderes do setor financeiro, o Brasil reforça sua posição como um dos protagonistas globais no combate às mudanças climáticas e no fomento de uma economia sustentável.