Christiany Salgado, Diretora do MME, reforça a importância da integração de tecnologias de armazenamento para assegurar um futuro sustentável e eficiente
Em um painel dedicado à integração dos sistemas de armazenamento no setor eólico brasileiro, realizado durante um evento de energia eólica em São Paulo, a diretora de Planejamento e Outorgas de Geração de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia (MME), Christiany Salgado Faria, reforçou que o planejamento energético é fundamental para viabilizar a transição energética no Brasil. Segundo Faria, o avanço rumo a uma matriz mais limpa e diversificada depende diretamente de um planejamento que assegure tanto a segurança quanto a flexibilidade dos sistemas de energia.
Para a diretora, que representou o MME no painel, o desafio é otimizar o uso de recursos naturais do país para que a crescente demanda por energia seja atendida a preços justos e de forma sustentável. “É com o planejamento energético que acontecerá a transição energética”, destacou Christiany Salgado, ao abordar as questões estratégicas que envolvem o futuro da matriz energética nacional e a importância de adotar uma infraestrutura que seja resiliente e flexível, capaz de suportar o crescimento sustentável e a estabilidade do mercado de energia no Brasil.
Avanços e Demandas para o Armazenamento de Energia
Um dos pontos altos do discurso da diretora foi a discussão sobre os avanços na regulamentação e desenvolvimento de tecnologias de armazenamento de energia. Christiany Salgado mencionou o Leilão de Reserva de Capacidade na forma de Potência (LRCAP) 2024, que promoveu uma consulta pública robusta, permitindo a participação ativa de 134 agentes do setor que, ao todo, contribuíram com 141 documentos e cerca de 780 sugestões. O tema de armazenamento destacou-se entre as contribuições, com 122 menções, refletindo uma demanda crescente por produtos específicos e soluções eficientes.
A diretora ressaltou que o planejamento é peça-chave para o desenvolvimento de sistemas de armazenamento de energia, especialmente no contexto da expansão do setor eólico. Segundo ela, esses sistemas têm potencial para suprir a necessidade de segurança e continuidade no fornecimento, especialmente considerando as variações naturais que caracterizam as fontes renováveis. A perspectiva é que esses sistemas ajudem a estabilizar a rede, reduzindo os riscos de interrupções e promovendo um consumo mais eficiente.
Além disso, foi anunciado que o Leilão de Reserva de Capacidade para sistemas de armazenamento, previsto para 2025, está em fase de consulta pública até o próximo dia 28 de outubro. Esse leilão deverá ocorrer em junho do ano que vem, sendo mais uma oportunidade para o avanço do setor e para a integração de tecnologias que permitam um sistema de transmissão e geração mais resiliente.
Representantes do Setor Compartilham Visões sobre Armazenamento e Planejamento
O painel foi moderado por André Themoteo, diretor técnico da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), e contou com a participação de outros especialistas do setor, incluindo Renato Guimarães, coordenador de expansão e estudos da ISA CTEEP, e Ricardo Estefano, chefe de Sistemas de Armazenamento de Energia em Baterias da WEG.
Renato Guimarães compartilhou perspectivas sobre a expansão da infraestrutura de transmissão de energia no Brasil e como essa expansão se alinha à necessidade de um sistema que acompanhe o aumento da geração eólica. Para ele, um planejamento bem-estruturado não só facilita a integração das novas fontes de energia, mas também contribui para o aumento da eficiência e da resiliência do sistema elétrico nacional. Guimarães frisou que os investimentos em armazenamento e transmissão representam uma resposta efetiva ao aumento da demanda e ao crescente interesse pela sustentabilidade.
Ricardo Estefano, da WEG, enfatizou o papel das baterias e dos sistemas de armazenamento de energia na garantia de um fornecimento contínuo, mesmo nos períodos de baixa geração das fontes renováveis. Segundo ele, a capacidade de armazenar energia gerada em momentos de pico de produção eólica e solar contribui diretamente para a estabilidade do sistema, permitindo uma transição energética mais segura e eficiente. Estefano defendeu ainda a necessidade de políticas que incentivem a criação de uma cadeia de suprimentos robusta, capaz de atender à demanda crescente por tecnologias de armazenamento.
O Contexto Internacional e a Transição Energética Brasileira
Em um cenário de mudanças globais no setor energético, o Brasil se destaca por seu potencial de recursos naturais, que vão de fontes hídricas a eólicas e solares. Entretanto, para que esse potencial seja plenamente explorado, o país deve contar com um planejamento que assegure a otimização desses recursos e a integração de novas tecnologias. Christiany Faria, ao representar o MME, lembrou a recente participação do Brasil no Grupo de Trabalho de Transição Energética do G20, em Foz do Iguaçu (PR), onde a relevância do planejamento e dos sistemas de armazenamento também foi abordada.
“A integração de novas tecnologias e o investimento em infraestrutura resiliente são essenciais para promover o crescimento sustentável e a estabilidade do mercado”, disse Faria, reforçando que o Brasil deve continuar avançando na implementação de soluções que alinhem a geração de energia com as demandas ambientais e sociais.
A expectativa é que, com a realização do Leilão de Reserva de Capacidade em 2025 e o aumento de discussões públicas, o setor elétrico brasileiro avance significativamente na criação de soluções inovadoras e sustentáveis para a transição energética. A crescente atenção às tecnologias de armazenamento e aos investimentos em infraestrutura são sinais de que o Brasil está comprometido com uma mudança na matriz energética, visando atender a demanda crescente e reduzir os impactos ambientais do setor.
O MME e os especialistas presentes no painel deixaram claro que o futuro do setor elétrico nacional está diretamente ligado a um planejamento robusto e a um ambiente de mercado que permita o desenvolvimento de soluções inovadoras. Com o avanço nas políticas de incentivo e o alinhamento das estratégias de governo com as demandas de sustentabilidade, a transição energética brasileira caminha para se tornar uma referência na integração de fontes renováveis com segurança e eficiência.