Relatório do Energy Center revela as 10 megatendências que moldarão o futuro da geração de energia, com foco em tecnologia, inovação e sustentabilidade
A transição energética, um dos maiores desafios globais do século XXI, está ganhando novas perspectivas com o avanço da tecnologia. De acordo com um relatório publicado pela MIT Technology Review nesta quarta-feira (16), tecnologias como Inteligência Artificial (IA), Internet das Coisas (IoT) e energia nuclear, especialmente os Pequenos Reatores Modulares (SMRs), estão na vanguarda desse processo. Esses avanços são parte de um conjunto de 10 megatendências que, segundo o relatório, terão impacto decisivo no futuro da geração de energia mundial.
O relatório foi desenvolvido pelo Energy Center, a vertical de energia da MIT Technology Review, e seus insights são baseados nas discussões do Energy Summit 2024, realizado no Rio de Janeiro. O evento reuniu 180 especialistas e líderes de diversos países, promovendo um diálogo entre governo, academia, grandes corporações, startups e investidores para discutir os rumos da transição energética.
André Miceli, CEO da MIT Technology Review, ressaltou a importância de alinhar esforços de diferentes setores para acelerar a implementação de inovações tecnológicas que possam enfrentar os desafios ambientais e energéticos. “Este estudo destaca como as inovações tecnológicas podem revolucionar o setor energético global. A transição para fontes limpas e eficientes precisa ser conduzida com inteligência estratégica e uma colaboração entre diversos atores da sociedade”, disse.
Já Hudson Mendonça, CEO do Energy Summit, reforçou a urgência em implementar políticas públicas sólidas que possibilitem essa mudança em escala global. “Políticas públicas robustas, somadas à participação ativa de diferentes setores da economia, serão essenciais para o sucesso dessa transformação energética. Somente assim conseguiremos promover mudanças reais e impactar positivamente a sociedade e o meio ambiente”, afirmou.
As 10 Megatendências Energéticas
O relatório detalha as 10 megatendências que moldarão o futuro da transição energética, com recomendações específicas para startups, grandes empresas e governos. Essas tendências abrangem desde tecnologias de captura de carbono até avanços na computação quântica, passando por soluções inovadoras no campo da energia nuclear.
1. Captura de Carbono
O mercado de captura de carbono está em rápida ascensão, devendo crescer de US$ 2 bilhões em 2022 para US$ 50 bilhões até 2030. A tecnologia de Carbon Capture and Storage (CCS) se apresenta como uma ferramenta essencial para mitigar as emissões de CO₂, especialmente em indústrias pesadas. Para startups, a recomendação é investir em soluções que integrem CCS às cadeias produtivas e em tecnologias de monitoramento de emissões.
2. IA e IoT
A aplicação de Inteligência Artificial (IA) e Internet das Coisas (IoT) na eficiência energética está crescendo rapidamente. O mercado global, avaliado em US$ 79,3 bilhões em 2020, pode chegar a US$ 154 bilhões até 2030. Indústrias como a manufatura e a siderurgia já usam IA para otimizar processos e aumentar a eficiência operacional. A recomendação para startups é focar em soluções IoT para monitoramento e controle energético em tempo real.
3. Energia Solar Distribuída
A energia solar distribuída deve superar 300 GW até 2030, representando 40% da capacidade solar em países como EUA, China e Austrália. Essa modalidade de geração descentralizada está permitindo que consumidores escolham suas fontes de energia, mudando a dinâmica de consumo de eletricidade, como ocorreu com a telefonia nas últimas décadas.
4. Armazenamento de Energia
O armazenamento de energia desempenha um papel fundamental no futuro da energia renovável. Com o custo das baterias em queda, o mercado deve crescer de US$ 10 bilhões em 2020 para US$ 55 bilhões até 2030. Startups são incentivadas a desenvolver novos modelos de negócios, como Baterias como Serviço (BaaS), que podem facilitar o acesso a soluções de armazenamento por parte de indústrias e consumidores.
5. Combustível Sustentável de Aviação (SAF)
O combustível sustentável de aviação (SAF), uma solução inovadora para descarbonizar o setor aéreo, atingiu 300 milhões de litros em 2022, mas espera-se que alcance 10% do consumo total até 2030. Startups têm a oportunidade de desenvolver tecnologias mais eficientes para transformar biomassa em SAF, contribuindo para um setor aéreo mais sustentável.
6. Hidrogênio
O hidrogênio verde, produzido a partir de fontes renováveis, está se consolidando como uma das principais alternativas energéticas para o futuro. A expectativa é que a demanda global por hidrogênio atinja 530 milhões de toneladas até 2050, sendo que o hidrogênio verde representará 25% dessa produção. Startups devem investir em tecnologias inovadoras de transporte e armazenamento, como compressão e liquefação do gás.
7. Pequenos Reatores Modulares (SMRs)
Os Pequenos Reatores Modulares (SMRs) representam uma nova geração de energia nuclear mais segura e escalável. Esses reatores compactos podem ser utilizados para geração de eletricidade, produção de calor industrial e até dessalinização de água. No entanto, o desenvolvimento de SMRs enfrenta desafios regulatórios e de financiamento, e startups são incentivadas a explorar tecnologias complementares, como o gerenciamento de resíduos nucleares.
8. Materiais Avançados
Os materiais avançados, como nanomateriais e grafeno, estão transformando setores como energia e eletrônica. Esses materiais estão sendo aplicados em tecnologias fotovoltaicas e baterias de estado sólido, contribuindo para maior eficiência energética. O mercado de materiais avançados, avaliado em US$ 55 bilhões em 2021, deve atingir US$ 100 bilhões até 2030.
9. Fusão Nuclear
A fusão nuclear é vista como a energia do futuro, prometendo uma fonte praticamente inesgotável e limpa de eletricidade. Apesar de ainda estar em estágio experimental, avanços em reatores compactos estão acelerando o desenvolvimento dessa tecnologia, com previsão de comercialização até 2050.
10. Computação Quântica
A computação quântica promete revolucionar o setor energético ao otimizar processos e permitir a simulação de novos materiais. Empresas como IBM e Microsoft já oferecem acesso a processadores quânticos via nuvem, democratizando o uso dessa tecnologia. Para startups, a recomendação é desenvolver soluções de software quântico que possam operar em hardware clássico.
