Banco do Nordeste reforça o papel estratégico da região na transição energética e defende o crescimento com inclusão social durante o IV Fórum Debate Desenvolvimento
O Nordeste brasileiro tem se destacado como uma das regiões líderes na produção de energia renovável, e esse potencial vem sendo reconhecido como chave para impulsionar um crescimento econômico mais justo e sustentável. Durante o IV Fórum Debate Desenvolvimento, realizado nesta quinta-feira (10), em Fortaleza, o presidente do Banco do Nordeste (BNB), Paulo Câmara, destacou a importância da energia limpa para o desenvolvimento regional e enfatizou a necessidade de aliar crescimento econômico com justiça social.
Promovido em parceria com a Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), o evento reuniu especialistas do Sistema Nacional de Fomento e representantes dos governos federal e estadual para discutir “O financiamento à transição justa e o potencial do Nordeste brasileiro”. O foco esteve na forma como a produção de energias renováveis, como a solar, eólica e o emergente hidrogênio verde, pode ser um motor de desenvolvimento econômico sustentável e inclusivo para o Nordeste.
Investimentos em Energias Renováveis
Paulo Câmara revelou números impressionantes em relação ao apoio do Banco do Nordeste a projetos de energia limpa na região. “Já aplicamos mais de R$ 37 bilhões em iniciativas de energia solar e eólica nos últimos anos”, afirmou o presidente do BNB, evidenciando a força desse setor no Nordeste. A região, que é abundante em recursos naturais favoráveis à produção de energias renováveis, tem se consolidado como um polo estratégico para o Brasil na transição energética.
Além disso, Câmara frisou que o hidrogênio verde, uma das apostas globais para a descarbonização das economias, está no centro das estratégias de desenvolvimento da matriz produtiva do Nordeste. O BNB já assinou diversos protocolos de intenção para futuros investimentos no setor, demonstrando que a região está preparada para se tornar uma referência mundial na produção de hidrogênio verde.
Para Câmara, a transição energética vai muito além da produção de energia limpa. Ela precisa ser “economicamente viável, socialmente inclusiva e ambientalmente sustentável”, comentou, enfatizando que o verdadeiro impacto positivo da descarbonização só será alcançado se esses três pilares forem atendidos de maneira equilibrada.
Justiça Social e a Transição Energética
O conceito de “transição justa” foi central nas discussões do fórum. A transição energética, embora necessária para combater as mudanças climáticas e garantir um futuro mais sustentável, também precisa ser socialmente responsável, garantindo que os benefícios econômicos gerados cheguem às populações locais.
Márcia Maia, diretora da ABDE e presidente da Agência de Fomento do Rio Grande do Norte, destacou que um dos principais desafios desse processo é garantir que as populações diretamente afetadas pelos grandes projetos de energia renovável sejam devidamente consultadas e beneficiadas. “A transição deve ser justa com as populações implicadas territorialmente em projetos de energias renováveis. É fundamental que as comunidades locais possam usufruir dos resultados econômicos desses projetos”, afirmou.
A preocupação com o impacto social da transição energética está alinhada com a ideia de que o crescimento econômico sustentável não pode excluir as comunidades que vivem nas áreas onde os projetos são implementados. Dessa forma, o desenvolvimento não apenas gera empregos e crescimento econômico, mas também melhora a qualidade de vida e promove a inclusão social.
Parcerias para o Desenvolvimento Sustentável
Durante o fórum, foi firmado um importante acordo de cooperação entre a ABDE e a organização Governos Locais pela Sustentabilidade (ICLEI), que visa promover o financiamento de projetos focados em aumentar a resiliência e sustentabilidade das cidades brasileiras. O ICLEI atua em mais de 130 países, fomentando políticas de baixo carbono e desenvolvimento urbano sustentável, e sua parceria com a ABDE abre novas possibilidades para o avanço de projetos em diversas cidades do Brasil.
A cooperação entre essas entidades reforça a importância de unir esforços para garantir que o desenvolvimento econômico seja não apenas ambientalmente sustentável, mas também socialmente inclusivo. O papel das cidades na transição energética é crucial, já que elas são grandes consumidoras de energia e precisam se adaptar a um futuro cada vez mais baseado em fontes renováveis.
O Papel do Nordeste na Liderança Energética
O evento também contou com a presença de representantes de instituições internacionais, como Paulo Simplício, da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), e Joaquim Rolim, consultor de energia da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC). Ambos destacaram o papel estratégico do Nordeste na produção de energia renovável para o Brasil e para o mundo, reforçando a posição da região como um dos principais polos de energia limpa.
O Nordeste possui características geográficas e climáticas que o tornam ideal para a produção de energia solar e eólica, o que tem atraído investimentos de grandes empresas e governos. Agora, com a inclusão do hidrogênio verde nas estratégias de descarbonização, a região se posiciona de forma ainda mais competitiva no cenário global.