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ANEEL Aprova Transferência da Amazonas Energia para Âmbar, mas Decisão Segue Sub Judice

ANEEL Aprova Transferência da Amazonas Energia para Âmbar, mas Decisão Segue Sub Judice

Transferência da distribuidora, controlada pela Oliveira Energia, para a Âmbar, do Grupo J&F, é autorizada com ressalvas, enquanto recursos judiciais questionam a competência da agência no processo

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou de forma monocrática a transferência do controle da Amazonas Energia, atualmente administrada pela Oliveira Energia, para a Âmbar, empresa do grupo J&F. A decisão foi tomada pelo diretor-geral da agência, Sandoval Feitosa, que concedeu o aval em cumprimento à decisão da 1ª Vara Federal do Amazonas. Contudo, a transferência ocorre sob os termos de uma decisão judicial que ainda está em disputa (sub judice), o que gera incertezas sobre a conclusão definitiva do processo.

Nesta terça-feira (8), a Aneel votaria um recurso apresentado pela Âmbar antes da aprovação da transferência. No entanto, o relator do caso, diretor Fernando Mosna, retirou o recurso de pauta, alegando “perda de objeto” devido à autorização já concedida. Com isso, o pedido de reconsideração da empresa tornou-se irrelevante, e o foco agora se volta para a assinatura do aditivo contratual, que deve ocorrer nas próximas horas, antes do fim da validade da Medida Provisória 1.232/2024, em 10 de outubro.

Flexibilizações e Custos

O plano de transferência aprovado pela Aneel implica um custo significativo, estimado em cerca de R$ 14 bilhões ao longo dos próximos 15 anos. Esse montante será coberto por flexibilizações que devem ser financiadas pela Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), um encargo que é repassado diretamente aos consumidores na conta de luz.

Além disso, a J&F, grupo que controla a Âmbar, se comprometeu a realizar um aporte de capital de R$ 6,5 bilhões para reduzir o endividamento da Amazonas Energia. Essa injeção de recursos é vista como um passo importante para reequilibrar as finanças da distribuidora e garantir a continuidade do fornecimento de energia no Estado do Amazonas, que enfrenta desafios históricos relacionados à infraestrutura elétrica.

Decisão Judicial e Implicações

Embora a Aneel tenha aprovado a transferência, a agência entrou com recursos contra a decisão judicial da 1ª Vara Federal do Amazonas. Segundo a agência, a decisão judicial invadiu suas competências ao obrigá-la a aprovar os termos apresentados pelas empresas envolvidas. Para a Aneel, a análise e aprovação das condições da transferência deveriam ter sido feitas de forma independente, com base em critérios técnicos e regulatórios.

Sandoval Feitosa, ao aprovar a medida, destacou que a decisão foi tomada de forma “precária”, devido à imposição judicial, e alertou para os riscos associados ao negócio. Caso a Justiça volte atrás em sua decisão e acolha os recursos da Aneel, a transferência poderá ser revertida, trazendo consequências tanto para os operadores quanto para os consumidores de energia no Amazonas.

“A transferência de controle será anulada se a decisão judicial cair fora da vigência da Medida Provisória. E se a Justiça cancelar a determinação anterior, que obrigava a assinatura do contrato, todos os atos decorrentes dessa transferência serão nulos”, afirmou Feitosa. Nesse cenário, o controle da Amazonas Energia voltaria para as mãos da Oliveira Energia, o que traria novas incertezas para o futuro da distribuidora.

Incertezas e Desafios

A decisão sub judice deixa a situação em um limbo jurídico, e os próximos desdobramentos dependem diretamente das movimentações judiciais e do posicionamento final da Aneel. Para Feitosa, apesar de o aval ter sido concedido, há claros riscos operacionais e financeiros para as empresas envolvidas, além de possíveis impactos no fornecimento de energia para a população do Amazonas.

A aprovação ocorre em um momento crítico, antes do fim da vigência da Medida Provisória 1.232/2024, que prevê ajustes regulatórios e fiscais importantes para o setor elétrico. Se a MP não for renovada ou convertida em lei, a transferência pode não ser concluída. Até o momento, a Aneel se comprometeu a seguir as diretrizes impostas pela Justiça, mas continua recorrendo da decisão, mantendo um clima de incerteza sobre o futuro da distribuidora.

Próximos Passos

Com a autorização dada e a assinatura do contrato prevista para as próximas horas, a expectativa é que a transferência seja formalmente concluída nos próximos dias. Contudo, o setor energético, os investidores e os consumidores do Amazonas seguem atentos ao desenrolar dos recursos judiciais. Se a decisão sub judice for revogada, a situação poderá se reverter rapidamente, e os efeitos de uma eventual anulação terão consequências diretas sobre a gestão da distribuidora.

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