Perspectivas positivas impulsionam o Sistema Interligado Nacional, com destaque para os subsistemas Norte e Nordeste, que registram avanços expressivos no consumo de energia
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) divulgou o boletim do Programa Mensal de Operação (PMO) para a semana de 21 a 27 de setembro, apresentando um cenário otimista para a demanda de carga no Sistema Interligado Nacional (SIN) e seus principais subsistemas. Segundo a revisão, a expectativa é que o SIN registre uma aceleração de 3,9% na demanda de carga, o que representa um aumento significativo em relação ao crescimento de 3,2% da semana anterior. A carga média estimada para o período é de 80.215 MWmed, refletindo o aquecimento do consumo de energia elétrica no país.
Entre os subsistemas que compõem o SIN, o Norte se destaca com o maior avanço projetado, estimado em 10,6% na demanda de carga, equivalente a 8.508 MWmed. Na semana anterior, a região já apresentava um comportamento robusto, com crescimento de 8,8%. O Nordeste também segue com perspectivas positivas, com um aumento projetado de 3,7% e uma carga de 13.125 MWmed, acompanhando o ritmo de crescimento do sistema nacional. Da mesma forma, o Sudeste/Centro-Oeste deve registrar um avanço de 3%, com uma demanda média de 45.561 MWmed. A região Sul, que também apresenta uma projeção de crescimento, deve registrar um aumento de 3,1% na demanda, alcançando 13.021 MWmed, embora o ritmo seja um pouco inferior ao esperado na última revisão.
Crescimento comparativo entre 2023 e 2024
As projeções de demanda de carga são baseadas em uma comparação com os resultados observados no mesmo período de 2023. Esse aumento significativo em algumas regiões pode ser atribuído a fatores como a recuperação econômica, a maior eletrificação de setores produtivos e o crescimento populacional, que aumentam a necessidade de energia elétrica em residências, indústrias e serviços. O Norte, em particular, se beneficia de um cenário de expansão econômica, com novos investimentos em infraestrutura e desenvolvimento industrial, que impulsionam a demanda por energia.
Níveis de Energia Armazenada (EAR)
Além da demanda de carga, o boletim do ONS também traz projeções sobre os níveis de Energia Armazenada (EAR) para o final de setembro. De acordo com os dados, os subsistemas Norte e Sul devem encerrar o mês com os níveis de armazenamento mais elevados, estimados em 74,3% e 54,7%, respectivamente. Essas regiões, que tradicionalmente sofrem com variações sazonais nos níveis dos reservatórios, apresentam um cenário mais confortável neste final de período seco.
No Sudeste/Centro-Oeste, onde se concentra a maior parte da geração hidrelétrica do país, a expectativa é de que os reservatórios estejam com 46,6% da sua capacidade ao final do mês. Já o Nordeste, região que historicamente enfrenta desafios com o armazenamento de energia, deve atingir 49,9% de sua capacidade, uma melhora considerável para o período.
Energia Natural Afluente (ENA)
Apesar das projeções favoráveis para a demanda de carga e o nível de energia armazenada, o boletim do ONS aponta que a Energia Natural Afluente (ENA) – indicador que mede a entrada de água nos reservatórios para geração hidrelétrica – permanece abaixo da Média de Longo Termo (MLT) em todos os subsistemas. O Sul lidera com a maior ENA projetada, devendo atingir 62% da MLT até o final de setembro. Já o Norte deve registrar 50% da MLT, seguido pelo Sudeste/Centro-Oeste, com 47%, e o Nordeste, que apresenta o índice mais baixo, com 40% da MLT.
Essa tendência de ENA abaixo da média reflete um período de estiagem prolongada em algumas regiões, o que pode exigir um gerenciamento mais cuidadoso dos recursos hídricos nos próximos meses, sobretudo em subsistemas mais dependentes da geração hidrelétrica.
Custo Marginal de Operação (CMO)
Outro ponto relevante do boletim é a indicação do Custo Marginal de Operação (CMO), que se manteve igual para todas as regiões, fixado em R$ 323,06/MWh. O CMO é uma referência importante para o planejamento da operação do sistema, pois determina o custo associado ao despacho de energia para atender à demanda. O fato de estar unificado entre as regiões reflete um equilíbrio na operação, apesar das diferenças regionais em termos de geração e consumo.
Impactos no setor energético
O crescimento constante na demanda de carga no SIN e nos subsistemas demonstra a recuperação e o fortalecimento da economia brasileira, além de sublinhar a importância de uma gestão eficiente dos recursos energéticos para garantir a segurança no abastecimento de energia. Esses avanços também reforçam a necessidade de investimentos contínuos em infraestrutura, seja para aumentar a capacidade de geração ou para melhorar a transmissão e distribuição da energia.
Além disso, as condições de armazenamento e as projeções de Energia Natural Afluente abaixo da média são indicativos de que o setor elétrico continuará sob atenção, especialmente diante de possíveis mudanças climáticas e seus impactos nos padrões de consumo e geração de energia.