Estudo do Boston Consulting Group revela que o país possui vantagens competitivas, mas precisa avançar em regulamentações e investimentos para liberar todo seu potencial
Durante o Brazil Climate Summit 2024, realizado em Nova York no dia 18 de setembro, o Boston Consulting Group (BCG) lançou o estudo “Seizing Brazil’s Climate Potential”. A pesquisa indica que o Brasil tem a chance de atrair até US$ 3 trilhões em investimentos até 2050, posicionando-se como um hub global de soluções climáticas.
O Cenário Atual e Desafios
O relatório destaca que o Brasil é o quinto maior emissor de gases de efeito estufa (GEE), com cerca de 70% das emissões originadas do setor de Agricultura, Florestas e Uso do Solo (AFOLU). As emissões crescentes podem acarretar graves consequências sociais, naturais e econômicas, como aumento do nível do mar e secas mais severas. Diante disso, o Brasil se torna fundamental para o cumprimento das metas globais de neutralidade climática.
Arthur Ramos, diretor executivo do BCG, afirma que o país possui vantagens competitivas, incluindo soluções baseadas na natureza, biocombustíveis, energia renovável e agricultura sustentável. No entanto, o desmatamento ilegal, especialmente na Amazônia, continua sendo um desafio crítico. Para enfrentar esse problema, a atualização das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) deve priorizar o fim do desmatamento ilegal até 2028 e a neutralidade climática até 2050.
O Potencial Brasileiro em Soluções Climáticas
O estudo aponta que o Brasil detém o maior potencial global para soluções baseadas na natureza, podendo mitigar até 1 GtCO2e por ano até 2030. Isso poderia gerar receitas de até US$ 70 bilhões com a venda de créditos de carbono. A recuperação de pastagens degradadas, que ocupam cerca de 100 milhões de hectares, é uma solução promissora que pode expandir a produção de alimentos e bioenergia, atendendo à crescente demanda por práticas agrícolas sustentáveis.
Além disso, com uma matriz energética composta por aproximadamente 88% de fontes renováveis, o Brasil está bem posicionado para liderar o mercado de hidrogênio verde (H2V). Isso, combinado com a alta competitividade de custos, coloca o país em uma posição vantajosa em novas tecnologias, como biocombustíveis avançados.
Biocombustíveis: Uma Oportunidade de Crescimento
O BCG ressalta a possibilidade de o Brasil se consolidar como uma potência em biocombustíveis, dado seu histórico na produção de etanol e biodiesel. A alta produtividade agrícola e a disponibilidade de biomassa são fatores que viabilizam a expansão de biocombustíveis de segunda geração. O país também possui extensas áreas de terras degradadas, permitindo uma expansão sustentável para a produção de combustíveis avançados, como combustível de aviação sustentável (SAF) e gás natural renovável (biometano).
Necessidade de Ação e Mobilização de Investimentos
Para que o Brasil possa aproveitar plenamente seu potencial, é crucial que o país desenvolva políticas setoriais eficazes, regulação adequada e ambientes de negócios que incentivem os investimentos em soluções climáticas. Além disso, mobilizar capital privado para financiar a transição verde e proteger a população e os ecossistemas dos impactos das mudanças climáticas é fundamental.
Arthur Ramos complementa que “a combinação de políticas, regulamentações e um ambiente de negócios favorável são essenciais para garantir que o Brasil não apenas atraia investimentos, mas também se torne um líder na transição climática global.”
O estudo completo está disponível em inglês no site do BCG, oferecendo uma visão aprofundada sobre as oportunidades e desafios enfrentados pelo Brasil na busca por uma economia mais sustentável e resiliente.