Planejamento energético é ressaltado como essencial para garantir financiamento das ações
O terceiro e último dia de debates do Grupo de Trabalho de Transições Energéticas do G20, realizado na capital mineira, focou no combate à pobreza energética e na importância do planejamento a longo prazo para garantir a implementação de ações efetivas. Liderado pelo Ministério de Minas e Energia (MME), o evento destacou as iniciativas brasileiras e os planos para uma transição energética justa, acessível e inclusiva.
Mariana Espécie, coordenadora do Grupo de Trabalho e assessora especial do MME, enfatizou que os princípios discutidos também foram apresentados pelo ministro Alexandre Silveira ao Papa Francisco, no Vaticano, no início de maio. “Nosso objetivo é ampliar o entendimento do que vem a ser uma transição energética justa, levando em conta a perspectiva dos países em desenvolvimento. Muitos ainda não têm acesso a eletricidade ou tecnologias limpas para cozinhar. É crucial estruturarmos mecanismos eficientes de alocação de custos e subsídios para novas tecnologias, especialmente para as populações mais pobres”, afirmou Espécie.
A coordenadora destacou que o planejamento energético é fundamental para direcionar as políticas públicas necessárias e garantir os investimentos para financiar a transição. Ela mencionou a proposta do Brasil para a criação de uma coalizão global de planejamento energético, visando apoiar países com capacidades institucionais limitadas a orientar suas decisões de políticas de longo prazo para a transição energética, considerando suas tradições energéticas. “Precisamos de opções de baixa intensidade de carbono, e é nisso que devemos focar”, acrescentou.
O embaixador André Corrêa do Lago, Secretário do Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores, reforçou a necessidade de cada país encontrar sua solução para a transição energética, considerando suas particularidades. “Alguns países dependem até 85% de combustíveis fósseis para geração de eletricidade. Precisamos chegar a um acordo sobre os caminhos a serem tomados, para que cada país possa ter sua solução individual”, disse Corrêa do Lago.
Os encaminhamentos definidos em Belo Horizonte serão levados para o último encontro técnico do Grupo de Trabalho, que ocorrerá entre 30 de setembro e 2 de outubro em Foz do Iguaçu, Paraná. A reunião ministerial está marcada para 4 de outubro, também em Foz do Iguaçu, onde as sugestões do grupo serão deliberadas para a cúpula do G20.
Minas Gerais foi escolhida para sediar o evento devido ao seu destaque na produção e diversificação mineral, essenciais para a transição energética, além de possuir a maior capacidade instalada para geração de energia solar no país. O ministro Alexandre Silveira, presente na abertura das reuniões, destacou a importância do estado: “Minas Gerais, assim como o Brasil, é um celeiro de energias limpas e renováveis. O estado se tornou solo fértil para a produção de energia solar, gerando desenvolvimento social e econômico”, disse Silveira.