Home Política Debate sobre compensação financeira pela exploração de hidroeletricidade gera divisão entre especialistas

Debate sobre compensação financeira pela exploração de hidroeletricidade gera divisão entre especialistas

Audiência na Comissão de Meio Ambiente revela divergências sobre projeto de lei que propõe alterações na distribuição de recursos

A Comissão de Meio Ambiente (CMA) do Senado promoveu uma audiência pública nesta terça-feira (9) para discutir o Projeto de Lei 2.918/2021, apresentado pelo senador Luis Carlos Heinze (PP-RS), que propõe mudanças na compensação financeira pela exploração de energia elétrica de origem hídrica. Durante o debate, foram expostas diferentes opiniões e preocupações em relação às possíveis consequências da proposta.

O PL em questão propõe uma nova metodologia de cálculo para a compensação financeira, baseada na receita bruta total, em substituição ao modelo atual que considera a energia gerada no mês. Segundo o projeto, 6,25% dos recursos seriam distribuídos entre órgãos administrativos da União, estados e municípios com instalações produtoras de eletricidade ou áreas inundadas por barragens, enquanto 0,75% seria destinado ao gerenciamento de recursos hídricos no Ministério do Meio Ambiente.

Durante a audiência, Verônica Sánchez da Cruz Rios, diretora-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), expressou preocupações quanto ao impacto financeiro da proposta, estimando um aumento de cerca de R$1,7 bilhão nos custos do setor elétrico. Ela alertou que isso poderia resultar em um aumento nas contas de luz e dificultar a implementação do Plano Nacional de Segurança Hídrica.

Por outro lado, representantes do setor elétrico e de municípios afetados pelas barragens defenderam o projeto, argumentando que a atual metodologia de cálculo da compensação financeira está defasada e não reflete adequadamente o impacto da exploração hidroelétrica sobre as comunidades locais. Claudio Girardi, ex-procurador-geral da ANA e representante da Associação dos Municípios Sede de Usinas Hidrelétricas e Reservatórios (AMUSUH), ressaltou a necessidade de correção das distorções e a importância de um método de cálculo mais transparente e preciso.

O debate também abordou questões relacionadas à gestão integrada de recursos hídricos, destacando o papel dos comitês de bacias hidrográficas na tomada de decisões sobre o uso da água. Atualmente, existem 249 comitês de bacias hidrográficas no Brasil, abrangendo grande parte do território nacional e desempenhando um papel fundamental na elaboração de planos de recursos hídricos e na gestão sustentável dos recursos naturais.

Diante das divergências e preocupações levantadas durante a audiência, o tema continuará sendo debatido na CMA, com o objetivo de encontrar um consenso e promover uma legislação que concilie os interesses do setor elétrico, dos entes federativos e da preservação ambiental.

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